Nicholas Ridout

Num gesto estético que se constitui simultaneamente enquanto gesto político, esta conferência realizou-se no evento Indirecções Generativas e teve lugar numa antiga piscina municipal de Montemor-o-Novo (7 de Setembro de 2013).

Nicholas Ridout explora algumas possibilidades que o estudo do teatro Britânico da época do Iluminismo oferece, quando relacionado com ideias, experiências e práticas derivadas da presença do ‘sul’ na tão celebrada, à época, ‘esfera pública’ – cuja noção de Jürgen Habermas liga a uma certa ideia da Europa Ocidental do século XVIII, em que burgueses se juntavam discutindo racionalmente políticas da vida quotidiana, seja em conversas, tertúlias ou por via da imprensa escrita.
O ponto de partida para estas reflexões será o texto ‘The Trunkmaker’, publicado por Joseph Addison numa edição de 1771 do The Spectator, uma publicação diária londrina que se estima que tivesse ampla tiragem, influenciando certamente a imaginação europeia. Esta negra e sinistra personagem do Trunkmaker aparece então como uma importante anomalia e uma estranha atracção. Metamorfoseado em crítico de teatro, ele emerge no centro da mitologia europeia branca e de classe média, configurando a esfera pública e dando conta dos paradoxos e mistérios das multiplicidades escondidas, quando conectadas no interior da análise das Epistemologias do Sul.

Imagens: Isabel Brison e Nuno Rodrigues de Sousa; Som: stress.fm (Nuno Torres).

Nicholas Ridout é Professor de Estudos de Performance e de Estudos Teatrais na Queen Mary, University of London. Trabalha sobre a dimensão política do evento teatral como instância da produção cultural e como experiência afectiva e modo de organização social. Contribuiu para variadas revistas da especialidade.

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