Tomar Posição | Curso Experimental em Estudos de Performance

Cartaz baldio.jpgTOMAR POSIÇÃO | O POLÍTICO E O LUGAR

Curso Experimental em Estudos de Performance

Setembro – Dezembro de 2016, Escola das Gaivotas, Lisboa

INSCRIÇÕES ABERTAS ATÉ 5 DE SETEMBRO – Últimas 8 vagas!

A posição define-se tradicionalmente como um conjunto de coordenadas, que podem ser mudadas – daí que se ‘tome’ uma ‘posição’, ainda que tal possa não implicar mais do que permanecer no lugar, ou mudar de disposição. Por ‘tomar posição’ entendemos a atenção à implicação do lugar a partir do qual agimos – lugar geográfica e historicamente situado, social e culturalmente marcado. Tomar posição é pois assumir a dimensão situada de qualquer acção, processo ou objecto – e atentar às políticas e às economias das práticas a que damos corpo.

TOMAR POSIÇÃO | O POLÍTICO E O LUGAR, Curso Experimental em Estudos de Performance (CEEP) constitui-se como proposta de encontro em estudo, estudo para encontros a haver, numa convergência de práticas de leitura, discussão, investigação e experimentação: um curso com a duração de três meses, ao longo dos quais se experimentam ferramentas, metodologias, temáticas, problemas e limitações afins aos Estudos de Performance, com o intuito de interrogar o presente.

Os Estudos de Performance, Estudos da Performance, Estudos Performativos ou Estudos sobre Performance (como já foram chamados) são um campo interdisciplinar de pesquisa que cruza as humanidades, as ciências sociais e a arte. Encontram-se entre o teatro e a antropologia, os estudos de folclore e a sociologia, a história, a semiótica e a teoria crítica, os estudos de género e a psicanálise, a teoria da cultura popular e dos media, os estudos culturais, os estudos pós-coloniais e o pós-estruturalismo, entre os eventos performativos e o performativo dos eventos. Procuram produzir as lentes para uma análise sustentada das práticas performativas e do performativo das práticas, debruçando-se sobre teatro, dança, arte da performance, rituais, dramas sociais e práticas incorporadas. Considerando as formas de expressão cultural como prática e como episteme, partem do princípio que a experiência pode ser compreendida como um modo de saber e de conhecer, o que transporta consigo consequências metodológicas e políticas. Metodológicas na medida em que pensar o trabalho de campo como performance questiona a ideia da simples “recolha de dados” de um observador sobre um observado; políticas, porque situadas (não neutras), e porque atentas à forma (performativa) como se reproduzem, sustentam, subvertem, criticam, e naturalizam as ideias, os discursos e as práticas.

 

O CURSO

Tomar Posição, Curso Experimental em Estudos de Performance, tem lugar entre Setembro e Dezembro de 2016. O Curso comporta uma oficina continuada, Problemas em Estudos de Performance, que se constitui como fio condutor estendendo-se ao longo de todo o curso, e três eixos temáticos com duração mensal: Práticas Urbanas Situadas, Incorporações da Linguagem e Do Arquivo como Gesto – Travessias Digitais. Afirmando a contingência da produção de pensamento crítico, o curso caracteriza-se por uma estreita relação entre o performativo e o experimental, privilegiando a conversação entre as diferentes disciplinas: teatro, dança, música, performance, arquitectura, antropologia, filosofia, política, história, teoria crítica, literatura.

Inaugurando com Tomar Posição | o Político e o Lugar, um ciclo de três dias em que se dão as boas vindas aos participantes, o curso arranca com um conjunto de performances e debates, apresentações e lançamento de edições, numa abertura à conversa em que a posição – geográfica, sociocultural, linguística – de onde se fala é ponto de partida para uma imaginação dialogante com um campo de estudos maioritariamente anglófono. A problematização do contexto onde nos situamos, conjugando-se com a necessidade de criar condições para re-imaginar noções não redutoras de identidade e pertença, insere-se na reflexão sobre um mundo pós-colonial descentrado que tem caracterizado o baldio, nomeadamente através do recurso a práticas e discursos que não se limitam ao cânone europeu.

Para além de uma introdução ao Curso que apresentará as várias oficinas, este ciclo apresenta igualmente a performance Cidade Oráculo de Fernanda Eugénio, o objecto performativo Inter(in)animated Archives de Paula Caspão, e o lançamento da revista Jeux Sans Frontières #2 – on spaces of Resistance and Practices of Invention, por Ana Bigotte Vieira, Nuno Leão e Sandra Lang (a confirmar), com moderação de Marta Lança (BUALA) e convidado a anunciar.

O curso termina com um ciclo final de três dias, concebido como espaço para apresentação e discussão dos processos de investigação desenvolvidos pelos participantes entre Setembro e Dezembro.

 

Oficina Continuada | Problemas em Estudos de Performance

19 de Setembro a 5 de Dezembro, Segundas-feiras, das 18h30 às 21h30 (12 sessões)

Nesta oficina continuada, de periodicidade regular, propomos abordar a complexidade epistemológica, estética e política deste campo de estudo, trabalhando um conjunto de conceitos operativos fundamentais para a abordagem das problemáticas que têm atravessado os Estudos de Performance, tais como: performance, performer, performativo, performatividade performático, reperformance. Começando por posicionar estes termos nos seus contextos históricos de emergência, passaremos em seguida a experimentar as suas possíveis deslocações, convocando materiais provenientes de geografias, registos e suportes diversos. O seu reposicionamento propõe-lhes tonalidades e modulações outras, que possibilitam a extensão das suas implicações a distintas áreas da prática, tanto do fazer artístico como do fazer teórico, atendendo às formas de vida que os sustentam.

Tendo lugar regularmente às Segundas-feiras e perfazendo um total de doze sessões apresentadas por diferentes investigadores do CEEP, esta oficina constitui-se como ponto de encontro regular entre todos os participantes no Curso.

Equipa de investigação: Ana Bigotte Vieira, Ana Mira, Ana Riscado, Fernanda Eugénio, Joana Braga, Paula Caspão, Ricardo Seiça Salgado e convidados.

 

Três Eixos Temáticos | Práticas Urbanas Situadas (Fernanda Eugénio e Joana Braga); Incorporações da Linguagem (Ana Mira e Ricardo Seiça Salgado); Do Arquivo como Gesto – Travessias Digitais (Ana Bigotte Vieira, Ana Riscado e Paula Caspão)

Setembro, Outubro, Dezembro 2016, Terças e Quartas-feiras, das 18h30 às 21h30

Os três eixos temáticos, com a duração intensiva de um mês por eixo, pretendem constituir-se enquanto lugares de agenciamento entre práticas artísticas, práticas teóricas e convivência quotidiana.

 

Práticas Urbanas Situadas | Fernanda Eugénio e Joana Braga

20 de Setembro a 12 de Outubro 2016, Terças e Quartas-feiras, das 18h30 às 21h30 (8 sessões)

Que práticas concretas constituem um determinado espaço urbano? Que limites, implícitos ou explícitos, nos são (im)postos pela sua arquitectura, regulamentos próprios ou regras gerais? Como podem o uso e a habitação fazer dessas condicionantes, condições? Que formas de tensão e exclusão se desenham neste espaço? A que movimentos e gestos específicos convida, que modos de encontro possibilita? Que tipo de relações – entre pessoas, entre coisas; entre coisas, pessoas e entorno – facilita ou dificulta? E que novas composições, mais ou menos improváveis, se podem desenhar? Como fazer aparecer tais recortes ou traçar outros, abrindo brechas para formas de estar e viver menores ou menos prováveis?

A oficina Práticas Urbanas Situadas emerge do encontro entre abordagens vindas da antropologia, da arquitectura, dos estudos urbanos e dos estudos de performance – abordagens entretanto reposicionadas por uma sensibilidade aos modos de (re)existência (de fora para dentro ou vice-versa) que se processam no viver. Combinando modos de fazer etnográficos, topográficos e coreográficos, propomos activar zonas de atenção à performatividade do que (já) está presente nos espaços da cidade, procurando oferecer ferramentas para reconhecer e descrever as cooperações sempre contingentes entre geografia e arquitectura, usos e desvios, sensibilidades e ritmos. Através de estudos de caso e exercícios presenciais, procuraremos debater as questões implicadas nos usos – artísticos, sociais e políticos – da materialidade quotidiana na criação e experimentação de modos de re-imaginar, re-performar e re-habitar a cidade.

Por um lado, será apresentado e debatido um conjunto de práticas artísticas urbanas escolhidas e dispostas por afinidades imanentes e pela sua relação com as duas questões teóricas que estruturam a oficina: “Existir, Resistir e Re-existir no Urbano” e “Re-imaginar, Reposicionar e Reabitar o(s) Comum(s)”. Esta amostra, que não se configura como panorama exaustivo nem como sequência histórica, servirá como mote para uma problematização conceptual.

Por outro lado, através de um conjunto de exercícios que terão lugar nos espaços circundantes da Escola das Gaivotas, propomos explorar duas das modulações mais quotidianas do movimento dos corpos – a caminhada e a paragem – enquanto potenciais práticas operativas para mapeamentos situados, sensoriais e afectivos. Caminhada e paragem, circulação e permanência, nas suas mais variadas gradações, compõem o “espaço vivido” dos usuários e habitantes da cidade. Multiplicam continuadamente o espaço urbano em incontáveis circuitos singulares: aqueles que se vão desenhando na própria “trajetividade” (às vezes errática, outras vezes sistemática) dos percursos individuais e colectivos. Activados intencionalmente como estados de atenção e como procedimentos para a descrição-circunscrição das disposições urbanas, os gestos de circular e permanecer possibilitam a composição de cartografias atmosféricas, a partir da vivência imediata do espaço mapeado. Exercitar este modo de fazer necessariamente relacional, aberto e contingente, será também um convite a experimentar modos transversais para a formulação de problemas situados – capazes de superar a dicotomia entre subjectividade e objectividade e assim se posicionarem nos intervalos entre perspectivas.

 

Incorporações da Linguagem | Ana Mira e Ricardo Seiça Salgado

18 de Outubro e 9 de Novembro 2016, Terças e Quartas-feiras, das 18h30 às 21h30 (8 sessões)

Debruçamo-nos sobre os escritos de artistas do teatro, da dança, da performance e das artes visuais postos numa relação de ressonância com outros textos críticos vindos da antropologia, da filosofia e dos estudos de performance. Procuramos aceder a essas linguagens assombradas pelo corpo, investigando o que se pode com elas fazer se não lhes resistirmos nem obedecermos. Propomo-nos (intensi)ficar (n)as brechas do instrumento de poder que são as linguagens, através de práticas de leitura, de experimentação do corpo, de reflexão e de escrita. Este eixo tem ainda como objectivo compreendermos como a força performativa das diferentes linguagens abordadas, assim como o movimento de transposição entre elas, pode ser integrada no testemunho e na linguagem das pesquisas desenvolvidas por cada participante.

 

Do Arquivo como Gesto – Travessias Digitais | Ana Bigotte Vieira, Ana Riscado e Paula Caspão

15 de Novembro a 7 de Dezembro 2016, Terças e Quartas-feiras, das 18h30 às 21h30 (8 sessões)

Com a crescente disseminação das redes digitais de informação, têm vindo a emergir novas formas de conceber e praticar o arquivo, a documentação, a memória e o museu. Entre a World Wide Web 2.0, cujo modo participativo nos é actualmente familiar – integrando a participação do utilizador na produção dos conteúdos e uma evidente dimensão social –, e a perspectiva actual da sua extensão para uma Web 3.0 (ou “Web semântica”) – onde a própria máquina adquire a capacidade de interpretar o contexto da informação –, urge olhar para os modos específicos em que o digital reconfigura a experiência do quotidiano, e em particular as formas de processamento e disponibilização das nossas experiências de actualização do passado.

Concretamente, considerando que tanto a nossa vida privada como a esfera pública e as suas instituições se tornaram, em larga medida, inseparáveis da existência da Internet e do trabalho digital, propomo-nos observar de perto as capacidades e problemáticas inerentes à experiência e ao pensamento viabilizados pelo suporte digital, tentando perceber de que modo as poéticas, estéticas, políticas e economias de uns e de outros se afectam. Parece-nos importante fazê-lo em oficina, partindo de estudos de caso e privilegiando dispositivos de investigação colectiva.

 

INFORMAÇÕES

Destinatários: Todos aqueles que estejam interessados em Estudos de Performance, seus problemas e experimentações.

Nº de participantes: 27

Total de horas: 130

Equipa de investigação: Ana Bigotte Vieira, Ana Mira, Ana Riscado, Fernanda Eugénio, Joana Braga, Paula Caspão, Ricardo Seiça Salgado e convidados.

Local: Escola das Gaivotas. Rua das Gaivotas, n.º 8 | 1200-202 Lisboa

Modalidades de inscrição: Preço integral: 450 euros. Preço com bolsa de estudo: 300 euros.

Prazos: As inscrições (ultimas 8 vagas!) encontram-se abertas até 5 de Setembro de 2016. Das propostas, a enviar para o e-mail baldiohabitado@gmail.com, deverá constar o nome, nota biográfica e uma carta de motivação (até 400 palavras).

Bolsa de estudo: Está contemplada a oferta de bolsas de estudo no valor de 150 euros (máximo) a deduzir no pagamento integral do Curso. Para se candidatar, agradecemos o envio de uma carta a explicitar resumidamente os motivos de solicitação de bolsa (até 300 palavras), juntamente com a candidatura.

Contactos: baldiohabitado@gmail.com

Escola das Gaivotas, Rua das Gaivotas, n.º 8 | 1200-202 Lisboa

Website:

Facebook: https://www.facebook.com/baldiohabitado

 

baldio_frente e verso_AF2.jpg

Iniciativa (Curated by): baldio | Estudos de Performance

Financiamento (Funding): República Portuguesa Cultura / Direcção Geral das Artes
Parceiros (Partners): And_Lab, BUALA Associação Cultural, Jeux Sans Frontières, Projecto BUH!

Apoio (Support): Câmara Municipal de Lisboa | Pólo Cultural Gaivotas-Boavista, O Espaço do Tempo, Fórum Dança, O Rumo do Fumo.

Centros de Investigação Portugal (Research Centres Portugal): IHC – Instituto de História Contemporânea (FCSH/UNL), CRIA – Centro em Rede de Investigação em Antropologia (FCSH/UNL, FCT/UC, ISCTE/IUL,UM), CET – Centro de Estudos de Teatro (FL/UL)

Centros de Investigação Brasil (Research Centres Brazil): CESAP – Centro de Estudos Sociais Aplicados (UCAM/IUPRJ), CORPOREILABS (UFRJ/UFF/FAV), R.A.I.U. – Rede de Pesquisa Luso-Brasileira em Artes e Intervenções Urbanas (Lajus UFC) e Jongo da Serrinha.

Agradecimentos (Thanks to): André Lepecki (Professor no Departamento de Performance Studies/Tish School of Arts New York University), FITEI Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica, Teatro Praga, Seminário Nómada Estudos da Performance

Créditos Imagem (Image Credits): Cidade-Jardim, Isabel Brison
Design Gráfico (Graphic Design): Marco Balesteros (letra.com.pt)

 

 

Advertisement